Nesta aula, na qual seriam realizadas apresentações pelos grupos de alunos, estive ausente, então vou discorrer a seguir sobre os artigos discutidos nesta data.
TEXTO 1
1-Linguagem e Tecnologia Digital: novos gêneros textuais (Santa Nunes Cariaga e Marlene Durigan)
O sujeito e sua identidade no contexto da globalização
As autoras afirmam que a disseminação da informática requer uma mudança de paradigmas especialmente no contexto escolar. Concordo com a ideia da necessidade de atualização, porém considero equivocada a afirmação por estas autoras de que a cultura se tornou plural, talvez tenha sido a forma de expressão que não funcionou bem, já que a cultura é plural, ela não está.
Conforme essas autoras, a internet propiciou um novo modo de agir e pensar, de ler e escrever, nesse caso o hipertexto envolve grande parte dessas mudanças.
A desterritorialização da cultura
A internet traz consigo uma revolução em nível mundial, em especial na área da comunicação. As autoras defendem a desterritorialização do sujeito com base em Ortiz (2003), afirmando que a internet, além de desterritorializar o sujeito e sua cultura, deixa "o mundo menor, o tempo mais curto e os acontecimentos têm um impacto imediato sobre pessoas diferentes em em lugares situados a uma grande distância".
Os novos gêneros textuais: chat, msn e e-mail
A partir da noção de que a internet tem reconceituado autor/escritor/leitor, as autoras defendem a centralidade de novos gêneros textuais em consequência das mudanças ocorridas nos últimos tempos. Como vemos, os exemplos utilizados para novos gêneros textuais não são bem atuais, já que o texto foi publicado em 2007. Um questionamento que faço é se realmente esses exemplos caracterizam gêneros textuais, em especial o e-mail, pois se formos analisar detalhadamente a origem e a utilização de e-mail percebemos que a própria terminologia diz respeito a correio eletrônico, e a partir desse correio podemos enviar mensagens, podemos também enviar documentos como artigos, fotos, resenhas, músicas, formulários, enfim.
As autoras afirmam que tais gêneros devem ser utilizados como ferramentas pedagógicas de alguma forma (não há exemplos de aplicação). Outra afirmação é a de que se deve "rever o conceito de ensino e de metodologias no ensino de língua". Tal visão é de suma importância, pois a meu ver é evidente a necessidade de inovação no contexto escolar, principalmente no sentido de orientar o processo de letramento digital dos alunos, para que haja de fato a utilização consciente e produtiva das tecnologias atuais.
TEXTO 2
OS GÊNEROS TEXTUAIS DIGITAIS NO ENSINO/APRENDIZAGEM DA WEBLITERATURA: O CASO DOS WEBLOGS (Jéssica de Souza Carneiro)
Esse trabalho traz como foco os gêneros textuais digitais no processo de ensino aprendizagem, mais especificamente trata sobre o blog, considerando as diversas linguagens que o mesmo engloba. A autora considera relevante a utilização do blog no ensino de língua e literatura. Ela denomina e se volta para o processo de transletramento digital.
A autora adota algumas concepções desenvolvidas nos estudos de Marcuschi, como a denominação de e-gêneros, assim definidos por configurar gêneros textuais que circulam no ciberespaço ou ambiente virtual.
Nesse caso são descritas as características do e-gênero weblog, como uma transmutação de um gênero já existente, o diário íntimo, que passa a ser de domínio público no ambiente virtual, atualmente utilizado para diversos fins. Não se segue um padrão textual, mas se materializa com o hipertexto, o que permite uma interatividade, pelas quais as práticas de leitura são reinventadas. Como o blog envolve uma diversidade de linguagens, um hibridismo, a autora chama a atenção para a definição de intertextualidade intergêneros, ainda seguindo os estudos de Marcuschi.
Transletramento hipertextual
Ao tratar da produção e recepção textual através da web, considera-se nesse trabalho que a leitura verbal não é suficiente, já que os gêneros em ambiente virtual geralmente englobam várias linguagens. Assim, é chamada a atenção para a necessidade de uma inovação das habilidades de ler e escrever. A autora afirma que "o transletramento hipertextual pressupõe o entendimento da variedade de gêneros textuais digitais que se manifestam em hipertexto que o indivíduo “transletrado” pode passar a aplicar socialmente".
Assim, as autoras defendem que o blog apresenta-se como um meio de ensino aprendizagem capaz de possibilitar uma familiarização com a leitura e escrita de forma plural e inovadora, associando a literatura tradicional ao hipertexto.
Protagonismo de ensino aprendizagem
Finalizando a discussão, a autora frisa a importância do trabalho com o texto digital no contexto educacional, e confirmando que o blog é uma sugestão para tentar suprir a necessidade de trabalho com textos diversificados e interativos.
Pudemos notar que há uma insistência por parte da autora em afirmar a necessidade de inovação nos processos de ensino aprendizagem, apresentando
os gêneros textuais digitais ou e-gêneros como via para o trabalho com a literatura de forma mais interessante e interativa.
Em ambos os textos aqui discutidos percebe-se a preocupação em definir denominações e explicações para as mais recentes inovações propiciadas pelo advento da tecnologia e da internet, o que nos dá a impressão de que existem muitas noções diferenciadas dentre os estudos realizados concomitantemente com a efervescência das inovações tecnológicas. Bem como são apresentadas as tentativas de alavancar a tão discutida atualização no contexto educacional. Cabe a nós, pesquisadores e professores de língua contribuir de forma consciente e significativa para que de fato cheguemos a ver e a participar da construção de consenso sobre o que são de fato os gêneros digitais e que cheguemos a uma efetiva utilização destes no contexto educacional brasileiro.
CARNEIRO, Jéssica de Souza. Os gêneros textuais digitais no ensino/aprendizagem da webliteratura: o caso dos weblogs.ENTRELETRAS, Araguaína/TO, v. 3, n. 1, p. 243-253, jan./jul. 2012 (ISSN 2179-3948 – online)
CARIAGA, Santa Nunes & DURIGAN Marlene. Linguagem e Tecnologia Digital: novos gêneros textuais. Anais do III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL - UEMS- Dourados, 08 a 10 de outubro de 2007.